Homeopatia

Homeopatia

A medicina homeopática é um sistema de cura estabelecido há aproximadamente 200 anos. É praticado, quer por médicos de formação convencional quer por homeopatas profissionais, num número elevado de países. Em mãos experientes, a medicina homeopática devolve a saúde de forma suave, completa e eficaz.

Esta abordagem terapêutica é particularmente atrativa para pessoas interessadas em lutar contra a doença e um nível fundamental. Ao contrário das abordagens médicas convencionais, que tentam suprimir os sintomas de doença, os tratamentos homeopáticos visam estimular os mecanismos de auto restabelecimento do corpo através da utilização de medicamentos homeopáticos adequadamente prescritos.

Perspetiva histórica

A palavra «homeopatia» provém do Grego e pode ser traduzida por «sofrimento semelhante». Por outras palavras, uma substância que provoca sintomas de doença numa pessoa saudável, se prescrita em doses materiais e detetáveis, poderá ser usada de modo terapêutico. A substância funciona como terapia quando é administrada à pessoa doente sob a forma de uma dose mínima e estimulante, e desde que os sintomas do doente se assemelhem àqueles que essa substância produz.

A ideia de utilizar substâncias semelhantes para estimular a cura, em vez de medicamentos que têm o efeito oposto, remonta à Grécia antiga. Contudo, foi o médico alemão Samuel Hahneman (1755-1843) quem desenvolveu este conceito básico, criando a moderna teoria médica da homeopatia. Ao fazê-lo, estabeleceu os fundamentos teóricos e filosóficos de um sistema médico radicalmente original.

Hahnemann avançou igualmente com uma interpretação extremamente controversa da saúde e da doença, que punha em causa de forma radical as ideias médicas aceites no seu tempo. Embora exista um enorme fosso entre as abordagens da medicina convencional e a perspetiva homeopática, vamos assistindo gradualmente à emergência de explicações que demonstram a eficácia da homeopatia de uma perspetiva científica ortodoxa. Contudo, uma proporção significativa dos médicos convencionais tem grande dificuldade em aceitar a validade da homeopatia como sistema terapêutico.

Aos 39 anos, Hahnemann abandonou a carreira de médico convencional, considerando que estava a infligir sofrimento em vez de o aliviar. Tendo queda para as línguas, dedicou-se à tradução de textos de medicina, ao mesmo tempo que prosseguia as suas experiências sobre formas mais suaves de devolver a saúde aos doentes.  Teve uma importante intuição ao traduzir a obra de William Cullen, um herbalista escocês que apresentava uma explicação para a eficácia da casca da chinchona no tratamento dos sintomas da malária. Na opinião de Cullen, os efeitos médicos da chinchona estavam relacionados com as qualidades adstringentes ou amargas da casca. Mas Hahnernann não se contentou com este raciocínio, dado que conhecia outros exemplos de medicamentos adstringentes que não aliviavam os sintomas da malária. Decidiu, pois, levar a cabo as suas próprias experiências, para ver se conseguia encontrar uma resposta mais adequada. Começou a tomar doses regulares de chinchona, registando os efeitos. Os resultados desta experiência foram fascinantes, e de importância crucial, proporcionando a Hahnemann as informações que lhe permitiram orientar-se para uma nova perspetiva do processo de cura.

Retirado do livro Medicina Natural  – Um guia de saúde para toda a família,  de Beth Maceion

Sais de tecido bioquímico

Sais de tecido bioquímico

Os sais do tecido bioquímico (ou sais de tecido mineral) tão prescritos com vista à preservação ou ao reequilíbrio dos sais minerais naturais do corpo, De uma perspectiva bioquímica, a saúde depende da relação equilibrada e harmoniosa que estes sais minerais mantêm com o corpo e uns com os outros.

Há doze sais de tecido mineral, cada um dos quais é identificado pelo seu nome, número e potência (força) química. Esta última é, de uma maneira geral, a diluição homeopática 6x; os sais de tecido mineral são ingeridos sob a forma de pequenas pastilhas brancas. Para além dos doze sais de tecido primário, há também fórmulas de combinação adequadas ao tratamento de situações específicas, como a febre dos fenos, azia e a acidez, ou as tosses e as constipações. As fórmulas de combinação são preparadas e produzidas da mesma maneira que os sais isolados, e são ingeridas exactamente da mesma maneira.

Perspectivas históricas

O desenvolvimento da teoria e da prática da terapia dos sais de tecido bioquímico é atribuído ao Dr. William Heinrich Schuessler, um médico alemão nascido em 1821, que exercia medicina em Oldenburg, na Alemanha. Schuessler sentiu-se intrigado pelo trabalho de Samuel Hahnmann (ver p.27),um médico homeopata, e decidiu incorporar medicamentos homeopáticos na sua actividade. Embora a princípio utilizasse toda a gama dos medicamentos homeopáticos, lentamente começou a concentrar-se na utiiização de substâncias inorgânicas em diluição homeopática.
A decisão de Schuessler foi motivada pela sua convicção crescente de que os órgãos do corpo precisam de ser apoiados por quantidades óptimas de substâncias inorgânicas, a fim de manterem a sua estrutLlra e função.
Este ponto de vista foi explorado em 1873, na sua obra Resumo Terapêutico, e posteriormente expandido numa série de artigos, que visavam uma explicação coerente da terapia dos sais de tecido mineral.
O método de Schuessler, que levou a cabo uma série de experiências destinadas a observar os efeitos dos sais
em minerais que ocorrem naturalmente no corpo, assemelha-se ao de Samuel Hahnemann, que administrava
doses de sais minerais, registando as alterações ou efeitos na saúde do paciente.

A base da teoria de Schuessler era a ideia de que a doença resultava de um desequilíbrio de minerais essenciais nas células do corpo, Quando este equilíbrio era rectificado, pela administração do sal mineral adequado, o problema ficava resolvido, restabelecendo-se o equilíbrio celular ideal. Ao desenvolver e refinar as suas ideias, Schuessler isolou os doze sais minerais que formam a base da actual terapia de sais de tecido. Considera-se que estes medicamentos actuam «bioquimicamente», equilibrando e harmonizando as trocas químicas a nível celular, e tratando a doença por meio da rectificação de uma deficiência mineral básica.
Após a morte de Schuessler, em 1898, o Dr. Julius Hensel, também alemão, prosseguiu a investigação por ele iniciada, publicando a partir da década de 1880 uma série de livros sobre minerais, que incluíam material quer sobre o potencial agrícola, quer sobre o potencial médico dos minerais.
A par da difusão das teses homeopáticas, as concepções terapêuticas de Schuessler foram prontamente importadas pelos Estados Unidos, em grande parte como consequência do trabalho levado a cabo pelo Dr, H. C, G. Luyties, um americano que traduziu as obras de Schuessler para inglês. Com a publicação de um texto da autoria da Dr.” Constantine Herring, eminente médica homeopata americana, sobre os sais de tecido como sistema terapêutico, estabeleceram-se novas ligações com o sistema médico homeopático.

Descrição geral

Na preparação dos sais de tecido bioquímico, os ingredientes activos têm de ser diluídos com lactose (o açúcar
do leite). A proporção desejável é uma parte de sal de tecido activo para nove partes de base de lactose, moídos em conjunto durante um período considerável, num processo designado por trituração.
A mistura volta a ser diluída pelo acrescentamento de nove partes de lactose, até se atingir o estádio final.
Considera-se que a potência do produto aumenta em cada fase de diluição. Ou seja, da mesma maneira que se considera que os medicamentos homeopáticos se tornam mais eficazes à medida que vão passando por estádios sucessivos de diluição, também se pode considerar que os sais de tecido bioquímico ficam tanto mais fortes quanto mais triturados e diluídos são.
A maioria dos sais encontram-se a uma potência 6x, o que significa que passaram seis vezes pelo processo
de trituração, com um quociente de diluição de um-em-dez.

A consulta

Os sais de tecidos bioquímicos podem ser prescritos como tratamento complementar por uma gama de terapeutas, como os naturopatas, os herbalistas ou os homeopatas. Mas também é natural que a maioria dos
sais de tecidos minerais utilizados seja adquirida pelo paciente de forma autónoma, uma vez que se encontram
disponíveis nas farmácias e lojas de alimentação natural. De uma maneira geral, são fáceis de utilizar, porque as etiquetas identificam de forma clara as situações que podem ajudar a resolver, e as instruções de dosagem são fáceis de seguir. As situações agudas e as situações de autolimitação, como constipações, cortes e pequenas
queimaduras, são as mais adequadas para tratamento, embora haja situações prolongadas, como a febre dos
fenos, que poderão ser temporariamente aliviadas pela aplicação da fórmula adequada de sais.
Os sais de tecido bioquímico não criam habituação e, em geral, não têm efeitos secundários. Contudo, as pessoas que sofrem de intolerância à lactose (o açúcar do leite) devem ter em conta que as pastilhas de sais de tecido têm por base esse componente.

Doenças que os sais de tecido bioquímico poderão combater

  • Ansiedade
  • Artrite
  • Asma
  • Bronquite
  • Catarro
  • Constipações
  • Dores de cabeça
  • Dores musculares
  • Dores do período
  • Entorses e luxações
  • Enxaquecas
  • Febre dos fenos
  • Frieiras
  • Furúnculos
  • Má circulação
  • Nevralgias
  • Picadas
  • Problemas digestivos
  • Tosses

Retirado do livro Medicina Natural  – Um guia de saúde para toda a família,  de Beth Maceion

Medicina ayurvedica

Medicina ayurvedica

A medicina ayurvédica é um sistema  holístico de cura praticado há séculos no Índia e em países circundantes, como a Sri Lanka. Embora firmemente assente numa perspectiva filosófica asiática  a abordagem médica ayurvédica está a tornar-se cada vez mais apreciada no Ocidente.

A  medicina ayurvédica considera que a constituição de cada pessoa é influenciada por três doshas (energias vitais) básicas, designadas por yata, pitta e kapha.
O equilíbrio entre estas energias determina o potencial de saúde de cada indivíduo, ao mesmo tempo que influencia a experiência que esse indivíduo tem do mundo que o rodeia. Uma vez que os problemas de saúde resultam de uma perturbação das energias corporais vata, pitta e kapha, um praticante ayurvédico experiente consegue perceber, por análise dos sinais e sintomas visíveis, qual a dosha que se encontra perturbada, podendo sugerir ajustamentos no estilo de vida e nos hábitos pessoais, como forma de restabelecer o equilíbrio e a saúde.

Descrição geral

O equilíbrio das três doshas pode ser influenciado antes do nascimento, dependendo das doshas dominantes nos progenitores no momento da concepção. Embora seja provável que as três energias estejam presentes na constituição do bebé, só é provável que ocorram fragilidades constitutivas capazes de suscitar doenças quando uma ou duas doshas são dominantes. Há outros factores que podem influenciar a constituição do bebé, como a saúde física e emocional da mãe durante a gravidez, a qualidade da dieta materna e a natureza do nascimento.
Da perspectiva de um praticante ayurvédico, o equilíbrio e a relação entre as três doshas de cada pessoa altera-se constantemente, por reacção a factores ambientais. Assim, embora uma pessoa possa nascer com uma constituição em que a kapha é dominante, as doshas pítta e vata poderão ascender ao primeiro plano, de acordo com a qualidade da dieta da pessoa, a quantidade de exercício que ela praticar ou o grau de pressão física e emocional a que for sujeita. Desde que estas alterações ao equilíbrio diário não sejam devastadoras, e que se dêem passos positivos no sentido de proteger a saúde e o bem-estar, estes deverão prevalecer.

A abordagem ayurvédica é verdadeiramente holística, dado que enfatiza a introdução de uma série de alterações no estilo de vida da pessoa, como a adopção de uma dieta mais adequada, de mais exercício, de maior dedicação à descontracção ou à meditação, e de um sono mais regular ou de maior qualidade. Esta perspectiva está em nítido contraste com a abordagem médica ortodoxa, que tende a preferir os medicamentos ou a cirurgia como opção inicial, considerando os conselhos gerais relativamente ao estilo de vida uma opção secundária e acessória.

As três doshas

As três doshas ou energias, são consideradas responsáveis por todos os processos vitais que ocorrem a nível mental, emocional e físico. São forças essenciais, responsáveis pelos processos biológicos de crescimento, desenvolvimento e decadência. Os atributos físicos, mas também as potenciais características mentais e emocionais, podem ser interpretados no contexto dos caracteres próprios de cada dosha.

Características da Vata

A vata combina as qualidades de dois elementos, o éter e o ar, sendo este último o aspecto mais determinante. Consequentemente, as pessoas em cuja constituição predomina a vata terão uma personalidade errática, mutável e propensa a explosões de actividade.
As palavras seguintes exprimem o essencial da energia vata:
Errática: espasmódica, caprichosa, irregular e agitada
Dispersa: espalhada, evaporante e dissipada
Clara; vazia, mutável e fluida
Subtil: imperceptível, sensível ou oculta
Ligeira: frágil, delgada, pouco consistente
Áspera: rude, irregular, vigorosa e recortada
Seca: estéril, enrugada ou engelhada
Fria: distante, amarga ou gelada.

Funções básicas da vata

  • Criação de impulsos e reflexos
  • Estimulação nervosa e transmissão de impulsos sensíveis
  • Manutenção da consciência
  • Circulação do sangue, do oxigénio e dos nutrientes
  • Estimulação dos sucos digestivos e regulação do peristaltismo
  • Eliminação e transformação dos tecidos Ejaculação
  • Expressão das emoçoes e estimulação das lágrimasI

Indivíduos com predominância de Vata

Aparência física

  • Esguios e morenos, de pele fresca e cabelo escuro, fino ou grosso, e encaracolado
  • As feições podem ser compridas e angulosas, de queixo fraco
  • Pescoço magro e descarnado, de nariz estreito e pequeno
  • Olhos estreitos, pequenos ou cavados, de aparência embotada e desprovida de brilho
  • Boca pequena e estreita, de gengivas recuadas

Características mentais

  • Criativos e artísticos, com tendência para se deixarem distrair facilmente por novas ideias
  • Capacidade para grandes entusiasmos e muita vitalidade

Problemas mais comuns

  • Ausência de suor
  • Sono ligeiro e caprichoso
  • Prisão de ventre, com fezes duras e secas
  • Serem agitados e distraídos
  • Esgotarem rapidamente as energias
  • Consumirem depressa a energia sexual
  • Fertilidade reduzida
  • Fraca memória de longo prazo
  • Serem receosos, inseguros e ansiosos

Características da Pitta

A energia pitta está relacionada com o calor e fogo, resultando de uma combinação dos elementos fogo e água, em que o primeiro é dominante. Consequentemente, os aspectos essenciais da constituição em que a dosha pitta predomina podem ser resumidos como quentes, penetrantes e irradiantes.
As palavras seguintes exprimem o essencial da energía pitta:
Quente: ardente, ansiosa, inflamada, fogosa e apaixonada
Ligeira: clara, brilhante, radiante e incandescente
Aguçada: penetrante, lancinante, estridente e cortante
Líquida: fluida, nebulosa e fluente
Oleosa: escorregadia, aveludada e gorda

Funções básicas da Pitta

  • Manutenção de uma temperatura corporal estável
  • Interpretação dos estímulos sensoriais
  • Regulação dos processos relacionados com a transformação, aos níveis fÍsico e mental
  • Qualidade, textura e brilho dos olhos e da pele
  • Visão
  • Assimilação dos pensamentos
  • Regulação da capacidade intelectual e dos poderes de raciocínio.

Indivíduos com predominância de pitta

Aparência física

  • Pele clara e suave, que se queima facilmente
  • Pele corn tendência acentuada para manchas, sardas e erupções inflamatórias
  • Rosto em forma de coração, com o queixo pontiagudo e bem definido
  • O pescoço pode ser de tamanho médio e proporcional ao resto do corpo
  • Brilho intenso nos olhos

Características mentais

  • As faculdades mentais tendern a estar muito despertas e concentradas
  • A informação é prontamer.rte captader e assimilada
  • Excelente memória para informaçoes básicas relacionadas com os progressos pessoais, mas má memória para os pormenores
  • Geralmente an-rbiciosos e confiantes, com muita coragem e entusiasmo

Problemas mais comuns

  • Suor profuso e com cheiro a azedo
  • Fezes soltas
  • Serem coléricos, irritírveis e fazerem juízos com facilidade
  • Serem ambiciosos, com possír,el tendência para excessos de entusiasmo e «esgotamentos» emocionais, mentais
    e físicos

Características da kapha

A kapha combina as qualidades dos elementos água e terra, com predominância do primeiro. Entre as principais características desta dosha incluem-se o peso, a solidez e a humidade.
As seguintes características essenciais descrevem a essência da energia kapha:
Pesada: densa, letárgica, obesa e apática
Lenta: inerte, com falta de brio, sonolenta e embotada
Suave: flácida, receptiva e confortável
Estática: calma, parada e difícil de rnover
Viscosa: rnLlcosa, suave, macia e escorregadia
Densa: pesada, firme, sólida e lerrta
Oleosa: aveludada, gorda e escorregadia
Fria: distante, glacial e enregelada

Funções básicas da kapha

  • Protecção e manutenção das membranas mucosas
  • Lubrificação das articr.rlações
  • Manlrtenção dos tecidos flexíveis do corpo
  • Regulação e distribuição do calor pelo corpo
  • Manutenção da energia e do vigor
  • Regulação da reprodução e longevidade celulares
  • Padrão e qualidade de sono

Indivíduos com predominância de kapha

Aparência física

  • Pele pálida, fria e oleosa, cabelo espesso e ondulado
  • Pescoço Iargo, cara larga e reclorrda
  • Olhos grandes e redondos, lábios espessos e cheios
  • Dentes de boa qualidade e gengivas saudirveis

Características mentais

  • Firmeza e fiabilidade mentais e emocionais
  • De aprendizagem lenta e com boa memória
  • Tendência para o pensamento lento e obtuso, sem grande desejo de novos desafios ou estímulos mentais
  • Grande capacidade para cuidar, alimentar; para se realizarem e se sentirem felizes

Problemas mais comuns

  • Tendência para suar facilmente com pouca actividade
  • Frieza constante
  • Prisão de ventre com digestões vagarosas
  • Excitação sexual lenta
  • Incapacidade para se deixarem apressar
  • Lentos de espírito, e com pouca flexibilidade mental

Retirado do livro Medicina Natural  – Um guia de saúde para toda a família,  de Beth Maceion

 

Medicina antroposófica – Continuação

Medicina antroposófica – Continuação

Leia a 1ª parte do artigo aqui!

O conceito de tratamento da pessoa completa

Os médicos antroposóficos procuram proporcionar uma forma de tratamento realmente holística, tendo em conta informações relacionadas com os quatro aspectos básicos do ser humano, ou seja, os corpos físico, etérico e astral, bem como o ego. Do ponto de vista antroposófico, a doença é o resultado de um desequilíbrio ou desarmonia entre os corpos etérico e astral e o ego. Não optando automaticamente por uma medicação convencional em todas as situações de doença, e preferindo uma forma mais adequada de tratamento, os médicos antroposóficos propõem um sistema de cura que tenha em conta as necessidades do organismo humano a todos os níveis, incluindo o nâo material.

Os sistemas do corpo

Na antroposofia, o organismo humano possui três sistemas principais:

O sistema nervoso-sensorial

Inclui a actividade do cérebro, da medula espinal, dos nervos e dos órgãos dos sentidos, e está ligado aos processos catabólicos ou de desagregação. É dominado pelo ego e pelo corpo astral, permitindo o surgimento da consciência, da autoconsciência e da percepção consciente. É o «amortecimento» das forças etéricas/físicas por meio da actividade catabólica no sistema nervoso-sensorial que permite o desenvolvimento da consciência. O sistema nervoso-sensorial activa o corpo durante o dia; o sistema metabólico-membros está mais activo durante o sono. Consequentemente, os corpos físicos e etéricos são restabelecidos e renovados todas as noites, tendo a oportunidade de reparar danos que possam ter ocorrido durante o dia, como consequência da actividade do ego e do corpo astral.

O sistema metabólico-membros

Abarca a assimilação dos alimentos, a actividade metabólica, o movimento dos membros e do conjunto do sistema digestivo e do metabolismo. São processos tipicamente inconscientes, geridos essencialmente pelos corpos fisicos e etéricos. O sistema metabólico-membros participa nos processos de restabelecimento e reconstrução que ocorrem no nosso corpo sem deles termos consciência.

O sistema rítmico

Embora o ritmo se exprima em todo o corpo, tem uma afinidade especial com o ritmo da respiração e da pulsação, centrado na actividade do coração e dos pulmões. O sistema rítmico está especialmente relacionado com a manutenção de um estado de harmonia entre os sisitemas metabólico-membros e nervoso-sensorial, e desempenha um papel especial no processo de cura.
É um sistema que tem uma especial afinidade com os sentimentos e as emoções, que pode ser experienciada nas reações do coração e dos pulmões ao exercício ou
às emoções.

Os medicamentos

Os médicos antroposóficos procuram alcançar para além dos sintomas superficiais de doença, a fim de tratar a sua causa subjacente e restabelecer o equilíbrio e a harmonia no organismo humano. Podem utilizar medicamentos provenientes dos reinos vegetal, mineral ou animal para estimular o organismo para o processo de
cura. Consideram que os medicamentos que derivam de fontes vegetais estão especialmente ligados aos processos curativos e de restabelecimento do corpo porque, do ponto de vista da medicina antroposófica, as próprias plantas têm corpos físicos e etéricos (com potencial de reconstruçáo e reparação), mas não têm corpo astral.
Os médicos antroposóficos podem recorrer a medicamentos antroposóficos especiamente preparados (muitas
vezes com fórmulas de combinação ou em compostos especiais), medicamentos homeopáticos, óleos essenciais ou extractos de plantas. De acordo com as circunstâncias pessoais, um médico antroposófico poderá ainda prescrever medicamentos convencionais, seleccionados de acordo com princípios homeopáticos (isto é, se os sintomas do paciente forem semelhantes aos produzidos pelo medicamento). Contudo, convém notar que os médicos antroposóficos mostram, em geral, relutância a optar por medicamentos conencionais como alternativa óbvia no início da doença; não costumam, pois, recorrer automaticamente a medicamentos que possam ter efeitos secundários desagradáveis ou tóxicos.

As terapias artísticas

Dado que a medicina antroposófica assenta na premissa , de que a doença resulta de uma falta de harrnonia entre o ego e os corpos astral, etérico e físico, o objectivo do tratamento é recuperar um estado de equilíbrio ideal
entre estes elementos. Em apoio a este processo, podem prescrever uma terapia artística, como por exemplo a :
eurritmia, um sistema de terapia de movimento descrito por Steiner. A eurritmia utiliza movimentos específicos
de foma rítmica, em harmonia com a expressão verbal ou a música. A pintura, a música e outras actividades, artísticas podem ajudar a desenvolver um estado mais perfeito de equilíbrio e harmonia. Os terapeutas da arte trabalham em cooperação com os médicos antroposóficos; o tratamento pode ser individual ou em grupo, de acordo com as necessidades de cada situação. Nas clínicas antroposóficas, os terapeutas da arte trabalham lado a lado com enfermeiras, massagistas, hidroterapeutas e médicos.

A consulta

A consulta de um médico antroposófico pode parecer, inicialmente, muito semelhante a uma consulta de um
médico convencional, embora possa haver uma exploração detalhada de outros aspectos do estilo de vida e da dieta da pessoa. É possível que o médico interrogue o paciente sobre os seus hábitos e qualidade de sono, a sua dieta, as preferências e as aversões alimentares, e o bem-estar emocional. Como já se referiu, depois de ter sido feito um diagnóstico, os tratamentos prescritos podem incluir uma série de medicamentos ou terapias,
de acordo com as exigências de cada caso individual. Se perceber que o aconselhamento pode ser útil, é natural que o médico oriente o paciente para um conselheiro qualificado.

Doenças que a medicina antroposófica pode combater

Os médicos antroposóficos podem ser consultados para a resolução de qualquer queixa, mas há problemas que reagem especialmente bem à medicina antroposófica, entre os quais se incluem:

  • Amigdalite
  • Ansiedade
  • Choques e traumas emocionais
  • Ciática e lumbago
  • Depressões
  • Dores musculares e cãibras
  • Eczemas e dermatites
  • Febre dos fenos e rinite alérgica
  • Furúnculos
  • Gripe
  • Infecções nos ouvidos
  • Insónia
  • Má circulação
  • Problemas digestivos
  • Síndrome pré-menstrual e outros problemas menstruais, incluindo períodos dolorosos ou irregulares
  • Sinusite
  • Situações cancerosas e pré-cancerosas
  • Tosses e bronquite
  • Traumas físicos, como entorses e feridas.

Retirado do livro Medicina Natural  – Um guia de saúde para toda a família,  de Beth Maceion

 

 

As terapias – Medicina antroposófica- Medicina natural

As terapias – Medicina antroposófica- Medicina natural

Medicina antroposófica

A medicina antroposófica é uma forma de medicina holística que visa tratar a pessoa como um todo, sem se limitar aos sintomas da doença. Reconhece a importância da medicina convencional mas toma em linha de conta o facto de os seres vivos poderem ter uma componente não física, ou espiritual, que se manifesta nas suas doenças. Os médicos antroposóficos têm de ser formados em medicina convencional, antes de fazerem uma formação complementar em medicina antroposófica.

Um médico antroposófico considera que as pessoas são compostas por quatro partes: o corpo físico, o corpo astral, o corpo etérico e o ego, e que a doença é causada por um desequilíbrio entre os corpos etérico e astral e o ego. Podem prescrever medicação convencional, sempre que for adequado, mas os pacientes são frequentemente encaminhados para outros tratamentos, como a medicina antroposófica ou homeopática, o aconselhamento, e terapias artísticas, como a música, a expressão verbal, o movimento (eurritmia) ou a pintura.

Perspectiva histórica

A palavra antroposofia deriva das palavras gregas anthropos e significa homem, e sophia, que significa sabedoria. A Sociedade Antroposófica foi fundada em 1913 pelo Dr. Rudolf Steiner (1861-1925), cientista e filósofo austríaco. Actualmente, o movimento antroposófico ultrapassou largamente as fronteiras da Europa; há sociedades antroposóficas na Austrália, na América do Sul, nos Estados Unidos, no Egipto, no Japão, em Israel e na África do Sul.
Embora não fosse médico, o Dr. Steiner incorporou a medicina nas suas ideias. Considerava que a experiência,
a estrutura e o funcionamento de um organismo vivo não podiam ser interpretadas exclusivamente em termos de processos físicos ou químicos, e que todos os seres vivos possuem elementos não materiais que não podem ser explicados pela ciência médica convencional.
A Drª  Ita Wegman, uma médica holandesa, solicitou ao Dr. Steiner que desse umas conferências a outros médicos, e juntos escreveram um livro intitulado Fundamentals of Therapy. No início da década de 1920, abriram a primeira clínica antroposófica na Suíça. Actualmente, existem diversos hospitais antroposóficos na Europa e há centenas de médicos que se dedicam à medicina antroposófica.

Descrição geral

O ponto de vista convencional considera que a doença tem uma causa e um efeito materiais, acentuando a necessidade
de descobrir o vírus ou a bactéria que poderá estar a actuar sobre o corpo, a nível molecular ou celular. Preside à medicina ortodoxa a concepção, generalizada e errónea, de que, descoberto o motivo da doença, e combatido com a adequada «bala mágica», se seguirá um estado de saúde. Esta abordagem gera um elevado grau de especialização: o objectivo último é a procura de medicamentos capazes de destruir doenças específicas.
Para a medicina antroposófica, a forma humana é quádrupla, compreendendo:

  •  o corpo físico
  • o corpo astral
  • o corpo etérico
  • a organização do ego.

O termo «corpo» é usado com referência aos elementos etérico e astral apenas para permitir uma compreensão comparativa, porque nenhum deles é de natureza física, estando para além daquilo que é aplicável aos sentidos. A medicina antroposófica defende que a doença se manifesta quando há uma perturbação ou desordem entre os quatro elementos.
Do ponto de vista antroposófico, a ciência médica ortodoxa apenas fornece os princípios básicos da anatomia, bioquímica e fisiologia. Quando estes princípios, desenvolvidos em grande medida a partir de estudos e experiências sobre animais dissecados, são aplicados aos organismos vivos, é comum fazerem-se suposições erróneas. A medicina antroposófica é uma ciência médica que reconhece que os seres vivos têm componentes físicas e não físicas.
A medicina antroposófica esforça-se por considerar quer os elementos não físicos quer os elementos físicos da doença

O corpo físico

O médico antroposófico considera que o corpo físico pertence exclusivamente ao reino mineral, pelo que olha para ele como para um cadáver sem vida própria interpenetrado pelas suas três contrapartes, das quais retira a vida, a sensibilidade e a individualidade. Trata-se de uma posição radicalmente distinta da do conhecimento actual, porque nos permite saber onde estão, alojadas as diversas sedes das nossas faculdades e capacidades.

O corpo etérico

Do ponto de vista de um médico antroposófico, o ser humano possui um «corpo de vida» ou «corpo formativo», que protege, arquitectónica e curativamente, o corpo físico contra a decadência. Sem um corpo etérico, o corpo físico regressa ao estado de cadáver, como acontece na morte, altura em que o corpo etérico abandona a forma física. O corpo etérico interpenetra a forma física a partir de dentro e de fora. Na medicina antroposófica, o corpo etérico corresponde ao reino vegetal. Em última análise, tem um papel extremamente construtivo na manutenção de um estado de harmonia e de ordem em todo o organismo.

O corpo astral

À semelhança do corpo etérico, o corpo astral interpenetra o corpo físico e o corpo etérico com outras capacidades. O corpo astral corresponde ao reino animal, pelo facto de ser sensível. Funciona como sede de tudo aquilo que conhecemos como sentimentos, paixões, desejos, etc. (Os pensamentos surgem quando a organização do ego se «acende», no corpo astral.)
As limitações de uma interpretação puramente material da existência revelam-se quando consideramos que os nossos sentimentos e a nossa percepção subjectiva do mundo que nos rodeia podem não ser adequadamente explicados por técnicas que apenas se preocupam em examinar a bioquímica e a fisiologia do sistema nervoso, como a psiquiatria, a psicanálise ou a terapia comportamental.
Também se considera que o corpo astral tem um efeito de desagregação (ou catabólico). Para se manter a saúde e um equilíbrio básico, o potencial desagregador do corpo astral tem de ser equilibrado pelo potencial de regeneração do corpo etérico. De uma perspectiva antroposófica, este equilíbrio essencial tem de ser mantido por uma alternância harmoniosa entre actividade consciente e inconsciente (como o sono e a vigília).

O ego

O ego é o «eu», e não deve ser confundido com egoísmo. Esta parte de nós é a parte mais desenvolvida e avançada do nosso ser. O médico antroposófico considera que a organização do ego é a parte que permite chegar à «individualidade» ou, dito de outra maneira, a faculdade de dizermos «eu» a nós próprios. O ego é o nosso ser indestrutível, e abarca qualidades como a autoconsciência, a memória e a capacidade de pensar; todas elas pressupõem que o ser vivo não está completamente sujeito às exigências do comportamento instintivo.
O ego não tem uma forma pré-determinada como os corpos físico, etérico e astral, mas está presente em toda a parte excepto em nós – está em tudo o que se encontra fora de nós, permitindo-nos envolver-nos com (e portanto compreender) a nossa vida interior e o mundo que nos rodeia.

Continua…

Retirado do livro Medicina Natural  – Um guia de saúde para toda a família,  de Beth Maceion


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