É quase certo que o aumento do interesse pela medicina alternativa e pela sua aplicação esta intimamente ligado
à percepção de uma crise nas terapias ortodoxas, como já se referiu . À medida que as pessoas se vão sentindo mais insatisfeitas com a medicina convencional, a difusão da informação sobre cuidados alternativos de saúde – por meio de livros, de revistas, da televisão ou da rádio – torna-as cada vez mais conscientes de que a medicina alternativa poderá obter-lhes as melhoras que tão ansiosamente procuram.
Claro que há outros factores que influenciam este aumento de popularidade. O sistema médico ortodoxo
está muito sobrecarregado, e os médicos dispõem de um tempo limitado para dedicar aos seus pacientes: a
média de duração das consultas dos médicos de família é, no Reino Unido, de cerca de seis minutos. Por outro
lado, e de uma maneira geral, os praticantes não convencionais trabalham fora do sistema público de saúde, podendo dedicar mais tempo aos seus pacientes do que os seus colegas ortodoxos. Apresentam-se aos seus
doentes sem a imagem mecanizada da pessoa ou da doença, tendo por isso maiores probabilidades de parecer
atenciosos, compreensivos e empáticos.
Foram formados para ouvir e observar, não tanto sintomas ou indicadores de doenças, mas a pessoa no seu
todo; aquilo que um médico de família ou um especialista poderia considerar trivial ou irrelevante será para um
homeopata ou um herbalista, a maior parte das vezes, a chave do caso. Muitos têm competências de aconselhamento,
outros estão integrados numa rede de praticantes que permite garantir que as preocupações dos pacientes
receberão o cuidado e a atenção que merecem.
Inquérito após inquérito têm mostrado que os pacientes dos praticantes de medicina alternativa expressam uma taxa de satisfação muito elevada. O que quer que façam para além disso, os praticantes de terapias alternativas parecem proporcionar ao público aquilo que este quer. E aquilo que o público essencialmente quer é melhorar. Quando uma pessoa tem uma doença crónica – asma ou dores nas costas – há dez ou quinze anos, e se liberta desses sintomas, é natural que considere esse facto um acontecimento importante, conte à família e aos amigos, e encoraje outras pessoas com as mesmas queixas a tentarem uma alternativa.
Para o melhor e para o pior, vivemos numa época muito preocupada com a saúde; as dietas, os programas de exercício, as health farms, os treinadores pessoais, o ioga, o método Pilates, as saunas, as massagens, as termas, e tudo o mais, passaram a fazer parte da vida diária de muitas pessoas. O que estas actividades têm em comum é um sentido de responsabilidade pessoal pela forma do corpo e da mente. Para muitas pessoas, isto acompanha ou foi desencadeado por um sentimento de insegurança: a indústria alimentar, a poluição, os medicamentos, a pressão relacionada com o trabalho, e muitas outras coisas fazem-nos sentir vulneráveis.
A única maneira de recuperarmos o controlo sobre o nosso corpo é fazemos opções conscientes relativamente
àquilo que comemos e bebemos, à forma como passamos os nossos tempos livres e como nos tratamos
quando adoecemos.
Esta atitude teve um peso enorme no processo pelo qual a medicina alternativa passou a ser tão apreciada.
As mulheres, em particular, estão a optar cada vez mais por formas de medicina que as libertem de um sistema
médico dominado pelos homens. Não pode ser uma coincidência que tantos praticantes de medicina alternativa
sejam mulheres, ou que os seus pacientes sejam
predominantemente femininos. Contudo, é elevado o número de homens, crianças, condutores de camiões, bombeiros, estivadores e mesmo médicos que frequentam os consultórios dos praticantes de medicina alternativa, o que prova o seu generalizado poder atractivo.
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