Uma nova família para uma nova Era

Uma nova família para uma nova Era

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades…

A família foi (e ainda é?) a instituição onde a sociedade assenta as suas bases. É dela que saem jovens para o mundo, para criarem a sua família e assim garantir a continuação da vida.

Mas os tempos mudaram significativamente e começam a surgir famílias em que o que os une já não é o sangue, mas um elo afetivo. Afinal somos todos UM.

Já algum tempo que as alterações no seio familiar vêm surgindo, desde a adoção de uma criança seja por opção de dar um lar a quem o perdeu, seja para preencher um vazio ou uma vontade de um casal serem pais, até mesmo aos métodos de assistidos, o que é uma grande mudança, comparando com o início do século passado.

Mas nos dias de hoje isso já se tornou “normal” e não tem nada de novo.

O que começa a surgir no contexto da família, é a seguinte questão: o casal tem filhos, e um dia divorcia-se. Mais tarde estes membros estabelecem uma relação com alguém que também já foi casado e que tem filhos.

Esta nova família criada já traz uma criança que vai ter outra criança num laço de “irmão”.

Mas no caso de não haver um irmão de sangue, as alterações serão grandes e significativas para que um ser ainda em desenvolvimento emocional possa processar.

Então começa a surgir o conflito interno na criança:

Primeiro o divorcio, depois a chegada de um novo membro para “substituir” um progenitor, e uma outra criança “irmã” para entrar no mundo da criança. Depois o ter de partilhar um espaço que era só seu com “estranhos”, e por fim a competição pela atenção do pai/mãe.

Como se não bastasse já a competição na escola, em que estimula a obsessão por boas notas, por ser o melhor em todas as disciplinas, e no fim o que se colhe é um vazio existencial.

Não há mal algum em que se crie estas famílias, atenção! A minha intenção é alertar para estes pequenos fenómenos que surgem no dia a dia, sem que se dê conta do que está a acontecer, mas que a médio prazo pode trazer consequências desastrosas para todos nós.

O ponto central da situação é fazer as perguntas certas para que se tome consciência do que se pode evitar no futuro.

É preciso perguntar se os pais têm maturidade emocional para lidar com estas mudanças.

É preciso perguntar se a sociedade está preparada para estas novas famílias.

É preciso perguntar o que se pode fazer para minimizar os danos emocionais provocados pelas alterações a nível estrutural da família.

É preciso perguntar se os adultos conseguem lidar com tudo isto, ou se estão tão mergulhados no seu mundo de ansiedade, que nem se dão conta do que se passa com as crianças às quais deram vida.

É preciso não esquecer que tudo o que uma criança faz é à procura de amor.

Teremos esse amor para dar?

Maria Isabel

O que significa amar-se a si mesmo

O que significa amar-se a si mesmo

Quando eu era jovem e cheio de entusiasmo, falei a um homem mais velho e mais sábio sobre a minha vontade de ocupar todo o meu tempo e as minhas energias a amar os outros. Ele perguntou-me, gentilmente, se eu ia amar-me a mim mesmo com a mesma determinação. Respondi que quando se ama os outros não se tem tempo para se amar a si mesmo. lsto pareceu muito edificante. No entanto, o meu amigo mais velho e mais sábro olhou para mim durante algum tempo, pensativo, e disse, finalmente:
“Está a seguir uma rota suicida!”

A minha resposta imediata foi: “Bela rota a minha, então!”

Mas, naturalmente, ele tinha razão.

Agora sei o que ele sempre soube:

O verdadeiro amor pelos outros tem como premissa um verdadeiro amor por si mesmo.

Para compreender o que significa amar-se a si mesmo, vamos, primeiro, perguntar o que signiÍica amar o outro. No capítulo seguinte gostaria de investigar as implicações e os signiÍicados mais profundos do amor. Por enquanto, vamos dizer apenas que o amor envolve três aspectos:

  1. O amor reconhece e reassegura o valor único e incondicional do ser amado.
  2. O amor reconhece as necessidades do ser amado e tenta atender a elas.
  3. O amor perdoa e esquece as faltas do ser amado.

Quando nos pedem para «amar-mos o próximo como a nós mesmos”, a implicação desta afirmação é evidente: o que fizermos pelo nosso próximo deveremos primeiro e também fazer por nós mesmos. Por outras palavras, trata-se de um presente duplo. Cada um tem duas pessoas a quem deve amar: ele mesmo e o próximo. Não é possível amar um sem amar o outro.
Para compreender como isto funciona na prática, pode ser útil imaginar-se cada qual como sendo uma outra pessoa, a quem deve amar de verdade. Tome uma certa distância e pergunte-se: tentas realmente ver e confirmar o valor único e incondicional dessa pessoa (teu)? Tentas compreender e atender às necessidades dela (tuas)? Perdoas as faltas e os erros dela (teus)? Pensa nisto. Consideras essa pessoa tão carinhosamente como fazes com os outros a quem mais amas? Ofereces-lhe a mesma espécre de calor e compreensão que ofereces a eles?

Um exemplo final. Vamos supor que alguém lhe pede um favor. O mandamento do amor diz que o leitor deve tentar atender às necessidades do seu amigo, mas há também uma outra pessoa que deve ser considerada com a mesma atenção: o proprio. Vamos avaliar as suas necessidades. Uma delas é sair de si mesmo para amar os outros. O único modo de ser amado é amar. As únicas pessoas realmente felizes são aquelas que encontraram alguém, alguma causa para amar e a que dedicar-se.
Além desta, pode ter outras necessidades a considerar. Pode necessitar de descanso, ou ter uma obrigação urgente a cumprir, etc. Pode ser que, considerando todas as circunstâncias, tenha de recusar o pedido do seu amigo.
O que estou a descrever não é preocupação consigo mesmo ou narcisismo. E simplesmente a descrição de um amor equilibrado, oferecido com a mesma atenção a própria pessoa e ao próximo. Este equilibrio é quebrado quando damos toda a nossa atenção apenas a nós mesmos ou quando a oferecemos apenas ao proximo. Nenhuma dessas atitudes e humanamente viável. Nenhuma delas se refere ao verdadeiro amor.

Do livro: «O segredo do amor eterno» – Jonh Powell

Editado por: Isabel Pato

Ajustamentos à realidade dolorosa

Ajustamentos à realidade dolorosa

O organismo humano é extremamente hábil em ajustar-se a várias situações. Tem meios de compensar as perdas e de tentar recuperar o perdido. Quando uma criança não recebe a confirmação do seu valor e do seu merecimento, começa a adaptar-se, a agir e reagir de modo a não passar pelo crivo da dor e/ou a preencher os seus vazios dolorosos. Algumas
das suas estratégias terão como fim evitar mais sofrimento, enquanto outras terão como meta ganhar amor. Gostaria de percorrer uma lista breve e incompleta dessas estratégias, sintomas comportamentais que aparecem nas pessoas que não aprenderam a amar-se e a estimar-se. A gravidade do sintoma e a frequência com que é utilizado serão sempre proporcionais à maior ou menor ausência de auto-estima e amor ao eu.

Exagerar ou gabar-se.

Por definição, a pessoa que se gaba elogia-se com o objectivo de ganhar reconhecimento e um sentido de valor tanto a seus próprios olhos, como aos olhos dos outros. Como percebemos muitas vezes, o gabarola não apenas tenta convencer-nos das suas habilidades ou do seu valor, mas também tenta convencer-se a si mesmo; em geral, depara com a descortesia. Muitas pessoas terão prazer em pô-lo no seu devido lugar. e o resultado é o contrário do que ele espera. O problema é que o contador de vantagem está convencido de que a aceitação e o amor são condicionais e ele tenta apresentar as suas credenciais como titulo de ingresso no amor.

Atitude crítica

A pessoa que não se ama pode adaptar-se à sua situação tornando-se um critico dos outros, descobrindo sempre e apontando os seus defeitos. Obviamente, estas acusações são sempre auto-acusações, embora a pessoa não o perceba. A sua crítica é baseada numa projecção daquilo que ela pensa que é. Já que odiar-se a si mesma pela sua falta de valor e pelos seus erros seria doloroso demais, projecta-os nos outros e passa a espalhar o seu veneno com propósitos destrutivos.

Racionalização

A pessoa sem amor por si mesma não tem sentido do valor pessoal e avalia-se unicamente através da própria actuação. Consequentemente, quando esta deixa algo a desejar, imediatamente se desculpa, racionalizando o seu erro. Seria
doloroso demais admitir que está errada e confessar as suas faltas e os seus erros. Nunca se aceita perder uma discussão ou dar uma informação errada, etc. O seu valor é sempre condicional e tais erros destruiriam os seus últimos traços de auto-respeito.

Perfeccionismo

Uma pessoa assim tenta obter uma perfeição meticulosa em tudo o que faz. A boa actuação é condição necessária para obter reconhecimento e amor e assume uma importância crucial na vida da pessoa. Tenta permanentemente passar no teste, pagando o preço de admissão ao sentimento de valor pessoal. Todo o seu empenho é no sentido de satisfazer as expectativas daqueles que podem aceitá-la ou rejeitá-la.

Timidez

Já que lhe ensinaram que os outros vão aceitá-la somente sob certas condições, a reacção básica desta pessoa diante das outras é de medo. Tem medo de ser criticada, de ser avaliada e de ser rejeitada.
Para não correr tais riscos, enclausura-se e protege-se atrás de um véu de timidez. Em situações
nas quais perde a confiança, sente-se tímida e retraída.
É uma espécie de casulo psicológico contra o fracasso.
O problema é sério, uma vez que a sua pessoa e o seu valor estão sempre em causa.

Auto-depreciação

Para se ajustar a esta condição dolorosa de vazio, a pessoa pode pintar um quadro tão depreciativo de si mesma que os outros não esperarão muito dela, evitarão criticá-la e até poderão vê-la com simpatia. A imagem de uma “vitima desprotegida” não ameaçará os outros, e o tratamento que lhe darão pode até incluir uma tentativa de a encorajar.

Raiva

A pessoa atormentada pela falta de valor pessoal odeia, em primeiro lugar, a sua própria inadequação e a sua falta de importância. Logo de seguida, odeia-se a si mesma. Quando esta raiva se volta para a própria pessoa, toma a forma de depressão e tristeza. E muito menos penoso desafogar a raiva nos outros, expressando a própria dor através de um ataque de fúria.

Docilidade defensiva

Um outro ajustamento possível à ausência de uma verdadeira auto-estima é o de tornar-se cumpridor submisso de qualquer regulamento, lei e regra, com precisão mecânica. Esta pessoa aprendeu muito cedo que a submissão traz
recompensas sob a forma de um sorriso ou um abraço e, por isso mesmo, continua a tentar. Procura ser uma pessoa inteiramente boa e obediente. Sente-se, com isto, mais segura contra críticas, uma vez que pode esconder o seu verdadeiro eu atrás da obediência às regras. Esta pessoa busca continuamente a aprovação dos outros.

Tornando-se solitário

A pessoa com o ego ferido obviamente vai sentir-se mais segura não se envolvendo com outras pessoas. Estas poderão descobrir que ela não merece ser amada por si mesma. Começarão a impor-lhe as mesmas condições antigas e repetidas para lhe oferecerem reconhecimento e amor. E mais fácil evitar este jogo cansativo, mantendo-se sozinha. Pode fingir uma sociabilidade superficial, mas, no fundo, está essencialmente sozinha.

Tornando-se campeão

Em certo sentido, todos acreditamos que o que fazemos compensará aquilo que não somos internamente. Somos tentados a perseguir a realização de “grandes feitos”, a possuir coisas grandiosas e magníficas, na esperança de que
elas nos tragam atenção e reconhecimento. Para as pessoas que tentam um ajustamento desta natureza, as realizações e as posses constituem uma extensão do eu, e tais pessoas necessitam de toda a «extensão» Que puderem obter.

Máscaras, papéis, fachadas

A pessoa que recebeu e conheceu apenas o amor condicional não pode tolerar críticas às suas acçôes e opiniões ou à própria pessoa. Foi ferida e não quer arriscar mais a sua vulnerabilidade. A crítica às suas acções ou à sua pessoa arruinaria toda a sua existência. Pode procurar abrigo de tal crítica devastadora vivendo um papel no palco da vida, em vez de se mostrar às pessoas.
Se alguém criticar a sua própria pessoa ou os seus actos autênticos, ela será destruída.

lntrojecção

Estando basicamente insatisfeita consigo mesma, a pessoa que se desvaloriza tenderá a identificar-se com outra, de preferência um herói conhecido por todos ou um herói particular. Será como o rapaz que imita os gestos de um atleta famoso ou como a rapariga que finge ser uma artista de cinema.
Ambos “introjectam” qualidades e habilidades que não possuem; mesmo não sendo autênticas, o efeito é consolador.

Amabilidade absoluta

Uma das características mais tristes das pessoas que não podem se amar é serem permanentemente boazinhas. Este tipo de pessoa concordará com qualquer coisa a qualquer momento só para obter algum reconhecimento e aprovação. Não faz, porém, de maneira genuína, tornando-se triste e acomodada. Contudo, prefere ser cordata a todo o custo a experimentar uma solidão absoluta.

Cinismo, desconfiança

Já que não se valoriza. esta pessoa também não confia em si mesma. Na crença cega de que todos são como ela, estende e projecta a sua falta de confiança sobre as outras pessoas. Não acredita e não confia em ninguém.

Retraimento

O retraimento é diferente da timidez, que se refere a relutância em inicar relacionamentos pessoais. O retraimento refere-se ao receio de arriscar, de tentar coisas novas. Receosa de amar e ser amada devido ao perigo do fracasso e da rejeição final, a pessoa que não se valoriza terá medo de tentar qualquer coisa significativa. Está, na verdade, separada de grande parte da realidade por causa do seu medo. Não experimenta o novo por medo de errar. Tem receio de expressar-se porque pode cometer algum equívoco ou alguém pode opor-se a ela. Tem medo de abrir-se aos outros porque eles podem desamá-la.

Sumário

Cada pessoa nasce com um valor único e incondicional. Cada um de nós é misterioso e não se repete em todo o curso da historia humana, criado a partir da imagem e semelhança do próprio Deus. Mas só podemos conhecer-nos como um reflexo nos olhos dos outros. Assim sendo, o nosso dom da auto-estima é, em grande parte, um presente dos nosso pais. Se tivermos percebido – como é o caso da maioria das pessoas – que o seu amor por nós era condicional; que era “ligado” só quando satisfazíamos as suas condições e “desligado» quando não as satisfazíamos; que este amor não era baseado naquilo que somos, mas na nossa actuação, podemos apenas concluir que o nosso valor está fora de nós mesmos. Não há um motivo interior para o verdadeiro amor ao eu  par a auto-estima e auto-apreciação. Não há razão para para celebrar.

Quando o critério para merecer amor é uma questão de passar em testes e preencher condições, começamos a experimentar mais fracassos do que êxitos. Na experiência repetida do fracasso aparecem o conflito, o medo, a frustração, a dor e por fim, alguma forma de ódio de si mesmo. Passamos o resto das nossas vidas tentando escapar desta dor  através de um dos mecanismos descritos acima. Ou tentamos assumir uma fachada que agrade aos outros  e nos traga aceitação e amor. Desistimos de ser nós mesmos e tentamos ser uma outra pessoa, alguém que seja digno de reconhecimento e afeição.

Do livro: «O segredo do amor eterno» – Jonh Powell

Editado por: Isabel Pato

As necessidades humanas, a tristeza do fracasso

As necessidades humanas, a tristeza do fracasso

Estou convencido de que o homem foi feito para viver em paz consigo mesmo, cheio de uma alegria profunda.Estou convencido de que deveria acontecer no coração de todo o ser humana uma celebração da vida e do amor, não um funeral. Os profetas da tristeza, coma sua mentalidade e o seu vocabulário de «vale de lágrimas», sempre me soaram como algo de estranho. Como o velho Santo Irineu do século II, sempre acreditei que «a glória de Deus é um homem viver em plenitude!».

É óbvio, porém, que não existem pessoas sem problemas, nem uma vida utópica sem dor. A tensão que resulta dos problemas e da dor faz parte de um todo, e geralmente dirige a nossa atenção para uma área da vida em crescimento, um território em expansão. Quanto a mim não me arrependo dos problemas ou da dor pelos quais já passei, mas da apatia, dos momentos em que não estava «vivo em plenitude».

A tristeza básica da nossa família humana é que muitos poucos dentre nós se aproximam da realização completa do seu potencial. Concordo com a estimativa dos pesquisadores de que a pessoa comum realiza somente 10% do seu potencial. Vê somente 10% da beleza à sua volta. Ouve somente 10% da música e da poesia do Universo. Sente somente um décimo das delícias de estar viva. Está aberta apenas a 10% das sua emoções, à ternura, à surpresa e à admiração. A sua mente abraça somente uma fracção dos pensamentos, reflexões e compreensão se que é capaz. O seu coração bate somente com 10% de amor. Morrerá sem ter jamais vivido ou amado de verdade. Para mim, esta é a mais assustadora de todas as possibilidades. Detestaria pensar que o leitor ou eu podemos morrer sem ter vivido e amado de verdade.

A tristeza do fracasso

Se fomos feitos para estarmos plenamente vivos, porque vivemos tantas vezes de um maneira limitada?É que, na nossa vida como na vida de tantos outros falta algo para alcançarmos a plenitude ou, pelo menos, este algo não está sendo devidamente reconhecido e desfrutado. De algum modo, em algum lugar, alguma coisa não correu bem. Em algum lugar do caminho a luz falhou.

Todas as formas de vida têm condições ideais e requisitos essenciais para a saúde, o crescimento e a plenitude. Quando o meio ambiente de cada se propícia essas condições e requisitos, torna-se possível a plenitude da vida e a realização das riquezas potenciais. Quando as pessoas estão inteiramente vivas, dizendo um sim  vibrante à experiência humana total, e um amen do fundo do coração ao amor, é sinal de que as suas necessidades estão a ser atendidas. Mas quando ocorre o contrário, quando o desconforto, a frustração e as emoções doentias predominam na vida de uma pessoa, é indicio que as suas necessidades não estão a ser atendidas. Isto pode acontecer por falha dela ou daquelas que a rodeiam, mas o facto é que ela não está a receber aquilo que necessita. De algum modo, em algum lugr alguma coisa não correu bem na sua vida. O definhamento e a desintegração instalaram-se ali.

Do livro: «O segredo do amor eterno» – Jonh Powell

Editado por: Isabel Pato


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