Medicina Natural- Um guia para todos

Medicina Natural- Um guia para todos

Medicina Alternativa

Esta expressão continua a ser muito utilizada, embora haja quem a conteste, por sugerir que as terapias não convencionais pretendem substituir a medicina ortodoxa – propósito considerado impossível ou indesejável.
Na verdade, porém, muitos praticantes afirmam poder substituir a medicina ortodoxa nos casos em que é adequado fazê-lo. No século passado, os médicos e os hospitais homeopáticos tratavam de forma abrangente todas as situações que não exigiam o recurso à cirurgia.
Hoje em dia, não têm grandes oportunidades de o fazer, mas continuam a ter à sua disposição os mesmos medicamentos, com o mesmo poder curativo.
No caso de doenças crónicas, a medicina ocidental ortodoxa tem muito pouco a oferecer aos pacientes, É mais provável que um homeopata, um herbalista ou um praticante de acupunctura obtenham um sucesso duradouro em situações como a asma ou um eczema, do que um médico convencional, que administra antibióticos e esteróides, Neste aspecto, a medicina holística constitui
uma alternativa genuína àquilo que a prática de um médico comum tem para oferecer.

num sistema de saúde adequadamente equilibrado, o termo «complementar» tem de se aplicar a ambos os lados

Medicina complementar

Os praticantes holísticos consideram que os pacientes e eles próprios retiram grandes benefícios da colaboração com os médicos convencionais, e estão dispostos a fazê-lo sempre que essa cooperação for proposta (coisa que, lamentavelmente, ainda é raro acontecer). O tratamento ortodoxo de emergência é inigualável, e todos concordam que este deve ser o primeiro recurso do paciente. Ainda assim, mesmo numa situação de emergência, as medicações e as técnicas não convencionais podem desempenhar um papel importante. Os benefícios da homeopatia no tratamento de queimaduras, por exemplo, são consideráveis.
Por vezes, um praticante de um importante sistema, como a homeopatia ou a medicina tradicional chinesa, poderá combinar os seus tratamentos com medicamentos convencionais ou com uma cirurgia. Nos casos em que não for seguro desabituar um paciente de determinado  medicamento ou retirar-lhe equipamento essencial, pode ser possível, apesar de tudo, administrar determinados remédios para aliviar certos sintomas.
Claro que, num sistema de saúde adequadamente equilibrado, o termo «complementar» tem de se aplicar a ambos os lados. A medicina holística é frequentemente ideal como primeiro recurso, em especial nos casos crónicos, podendo a medicina ortodoxa ser adequada como complemento. Da mesma maneira, os sistemas de medicina natural podem complementar-se uns aos outros.
Convém salientar que nem todos os sistemas de cura natural estão igualmente desenvolvidos. Alguns são, pela sua natureza própria, bastante restritos, e complementares por definição. Terapias como a técnica metamórfica, a queloterapia ou as velas hopi para os ouvidos têm uma eficácia limitada, e seria pouco razoável os seus praticantes afirmarem que são genuinamente alternativos ou abarcantes.

Medicina Holística
Esta é, de muitos pontos de vista, a expressão mais útil de que dispomos para descrever estes sistemas médicos, embora também tenha os seus inconvenientes. Muitos praticantes da medicina convencional argumentam que também eles empregam uma abordagem holística no tratamento aos seus pacientes, por exemplo, ajudando um paciente a deixar de fumar em vez de se
limitarem a prosseguir o tratamento a uma doença pulmonar. Infelizmente, por muito motivados que estejam, a maioria dos médicos acaba por ver-se constrangida a regressar às folhas de receitas. E nem os praticantes não convencionais conseguem encontrar o emprego, a força de vontade ou o amor de que os seus pacientes necessitam.
Contudo, muitos praticantes não convencionais tentam efectivamente colocar cada paciente e cada doença num contexto mais amplo, dispondo-se a «tratar a pessoa inteira», a harmonizar o paciente com a Natureza. Um homeopata, por exemplo, não trata
situações específicas nem padrões de sintomas. Cada paciente representa um quadro diferente. Entre vinte doentes com artrites, não há dois que sejam idênticos, e só uma mão-cheia serão suficientemente parecidos para exigirem o mesmo medicamento.
O verdadeiro holismo tem em conta, e trata adequadamente, a situação no seu todo. Um bom médico holÍstico, ou praticante alternativo, tem consciência da necessidade de tratar as causas subjacentes, mas também reconhece e trata emergências, antes de elas constituírem uma ameaça à sobrevivência. E compreende que se uma pessoa sofre profundamente de determinados
sintomas, mesmo que eles sejam superficiais, é necessário aliviá-los com rapidez. Há muita coisa que se pode fazer imediatamente para aliviar os sintomas, antes de passar a um trabalho mais profundo. O trabalho mais  profundo é importante, porque o alívio dos sintomas contém riscos de longo prazo. Os inaladores de asma, os antibióticos, os esteróides, e por aí fora, nunca tratam efectivamente situações crónicas,e é frequente os doentes passarem uma vida inteira dependentes de um ou mais medicamentos que lhes proporcionam um alívio parcial.

Medicina natural

Esta é, evidentemente, a expressão na qual a Natural Medicine Society baseou a sua designação. De uma maneira geral, e fora dos EUA, é muito menos usada do que as outras que referimos, e provavelmente por boas razões. Curiosamente, de entre todas as expressões que considerámos, esta é a menos precisa – embora seja muito provável que a maioria das pessoas pense que a
medicina alternativa é isso mesmo.
Em que é que a expressão é inadequada? Bem, em primeiro lugar, parece implicar que ser natural é inerentemente bom, quando é óbvio que nem todas as coisas naturais são benéficas. A cólera é natural, os pântanos que provocam a maliária são naturais, as doenças genéticas são, na sua maioria, naturais – se todas as coisas tivessem sido deixadas no seu estado natural, não haveria
civilização, nem ciência, nem arte, e os níveis de saúde não seriam, com certeza, muito elevados, Mas o maior problema resultante de se chamar naturais às medicinas naturais reside no simples facto de não o serem. A homeopatia, por exemplo, é inteiramente artificial, e a acupunctura é visivelmente antinatural.
Assim sendo, a que se deve a ênfase que os círculos médicos alternativos colocam nos «métodos naturais de curar? Em muitos casos, trata-se de simples ignorância, da incapacidade de ver as coisas como elas são.
No entanto, numa perspectiva mais ampla, há uma verdade profunda naquilo que se diz acerca da harmonização do homem com a Natureza. A maior parte das terapias pressupõe uma noção de energia natural, vital, que proporciona a força motriz para a própria vida. Ao longo da vida, a nossa energia vital pode ser distorcida – por infecções, traumas, pela poluição ambiental, por
drogas sintéticas, excesso de álcool, de cigarros, uma dieta pouco saudável, e muitos outros factores, que põem em causa a força vital, da mesma maneira que as bactérias põem em causa os sistemas imunitários (com os quais esta força vital parece estar intimamente relacionada).
Os medicamentos e as técnicas alternativas são considerados naturais, porque funcionam de harmonia com os ritmos e as energias do corpo, restabelecendo-o, na medida do possível, no seu estado original. Os medicamentos ortodoxos podem ser muito eficazes na acalmia dos sintomas negativos, mas os praticantes de medicina alternativa defendem que, para além de terem
efeitos secundários, tendem a desestabilizar o sistema, muitas vezes fazendo com que uma situação menor volte a manifestar-se de forma mais grave. Por exemplo, pensa-se que a supressão de um eczema com cremes esteróides pode ter como efeito uma penetração mais profunda da situação inicial no organismo, resultando tipicamente em asma. E que a supressão da asma pode,
por sua vez, ter como resultado uma coisa mais grave.
É por isso que, embora espetar agulhas no ouvido uma pessoa seja profundamente antinatural a um certo nível, a outro não o é, porque o restabelecimento do equilíbrio funciona de acordo com a Natureza.
»Natureza» parece significar aqui qualquer coisa como »o desejo inato que o corpo tem de melhorar».

Retirado do livro Medicina Natural  – Um guia de saúde para toda a família,  de Beth Maceion


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