Medicina antroposófica

A medicina antroposófica é uma forma de medicina holística que visa tratar a pessoa como um todo, sem se limitar aos sintomas da doença. Reconhece a importância da medicina convencional mas toma em linha de conta o facto de os seres vivos poderem ter uma componente não física, ou espiritual, que se manifesta nas suas doenças. Os médicos antroposóficos têm de ser formados em medicina convencional, antes de fazerem uma formação complementar em medicina antroposófica.

Um médico antroposófico considera que as pessoas são compostas por quatro partes: o corpo físico, o corpo astral, o corpo etérico e o ego, e que a doença é causada por um desequilíbrio entre os corpos etérico e astral e o ego. Podem prescrever medicação convencional, sempre que for adequado, mas os pacientes são frequentemente encaminhados para outros tratamentos, como a medicina antroposófica ou homeopática, o aconselhamento, e terapias artísticas, como a música, a expressão verbal, o movimento (eurritmia) ou a pintura.

Perspectiva histórica

A palavra antroposofia deriva das palavras gregas anthropos e significa homem, e sophia, que significa sabedoria. A Sociedade Antroposófica foi fundada em 1913 pelo Dr. Rudolf Steiner (1861-1925), cientista e filósofo austríaco. Actualmente, o movimento antroposófico ultrapassou largamente as fronteiras da Europa; há sociedades antroposóficas na Austrália, na América do Sul, nos Estados Unidos, no Egipto, no Japão, em Israel e na África do Sul.
Embora não fosse médico, o Dr. Steiner incorporou a medicina nas suas ideias. Considerava que a experiência,
a estrutura e o funcionamento de um organismo vivo não podiam ser interpretadas exclusivamente em termos de processos físicos ou químicos, e que todos os seres vivos possuem elementos não materiais que não podem ser explicados pela ciência médica convencional.
A Drª  Ita Wegman, uma médica holandesa, solicitou ao Dr. Steiner que desse umas conferências a outros médicos, e juntos escreveram um livro intitulado Fundamentals of Therapy. No início da década de 1920, abriram a primeira clínica antroposófica na Suíça. Actualmente, existem diversos hospitais antroposóficos na Europa e há centenas de médicos que se dedicam à medicina antroposófica.

Descrição geral

O ponto de vista convencional considera que a doença tem uma causa e um efeito materiais, acentuando a necessidade
de descobrir o vírus ou a bactéria que poderá estar a actuar sobre o corpo, a nível molecular ou celular. Preside à medicina ortodoxa a concepção, generalizada e errónea, de que, descoberto o motivo da doença, e combatido com a adequada «bala mágica», se seguirá um estado de saúde. Esta abordagem gera um elevado grau de especialização: o objectivo último é a procura de medicamentos capazes de destruir doenças específicas.
Para a medicina antroposófica, a forma humana é quádrupla, compreendendo:

  •  o corpo físico
  • o corpo astral
  • o corpo etérico
  • a organização do ego.

O termo «corpo» é usado com referência aos elementos etérico e astral apenas para permitir uma compreensão comparativa, porque nenhum deles é de natureza física, estando para além daquilo que é aplicável aos sentidos. A medicina antroposófica defende que a doença se manifesta quando há uma perturbação ou desordem entre os quatro elementos.
Do ponto de vista antroposófico, a ciência médica ortodoxa apenas fornece os princípios básicos da anatomia, bioquímica e fisiologia. Quando estes princípios, desenvolvidos em grande medida a partir de estudos e experiências sobre animais dissecados, são aplicados aos organismos vivos, é comum fazerem-se suposições erróneas. A medicina antroposófica é uma ciência médica que reconhece que os seres vivos têm componentes físicas e não físicas.
A medicina antroposófica esforça-se por considerar quer os elementos não físicos quer os elementos físicos da doença

O corpo físico

O médico antroposófico considera que o corpo físico pertence exclusivamente ao reino mineral, pelo que olha para ele como para um cadáver sem vida própria interpenetrado pelas suas três contrapartes, das quais retira a vida, a sensibilidade e a individualidade. Trata-se de uma posição radicalmente distinta da do conhecimento actual, porque nos permite saber onde estão, alojadas as diversas sedes das nossas faculdades e capacidades.

O corpo etérico

Do ponto de vista de um médico antroposófico, o ser humano possui um «corpo de vida» ou «corpo formativo», que protege, arquitectónica e curativamente, o corpo físico contra a decadência. Sem um corpo etérico, o corpo físico regressa ao estado de cadáver, como acontece na morte, altura em que o corpo etérico abandona a forma física. O corpo etérico interpenetra a forma física a partir de dentro e de fora. Na medicina antroposófica, o corpo etérico corresponde ao reino vegetal. Em última análise, tem um papel extremamente construtivo na manutenção de um estado de harmonia e de ordem em todo o organismo.

O corpo astral

À semelhança do corpo etérico, o corpo astral interpenetra o corpo físico e o corpo etérico com outras capacidades. O corpo astral corresponde ao reino animal, pelo facto de ser sensível. Funciona como sede de tudo aquilo que conhecemos como sentimentos, paixões, desejos, etc. (Os pensamentos surgem quando a organização do ego se «acende», no corpo astral.)
As limitações de uma interpretação puramente material da existência revelam-se quando consideramos que os nossos sentimentos e a nossa percepção subjectiva do mundo que nos rodeia podem não ser adequadamente explicados por técnicas que apenas se preocupam em examinar a bioquímica e a fisiologia do sistema nervoso, como a psiquiatria, a psicanálise ou a terapia comportamental.
Também se considera que o corpo astral tem um efeito de desagregação (ou catabólico). Para se manter a saúde e um equilíbrio básico, o potencial desagregador do corpo astral tem de ser equilibrado pelo potencial de regeneração do corpo etérico. De uma perspectiva antroposófica, este equilíbrio essencial tem de ser mantido por uma alternância harmoniosa entre actividade consciente e inconsciente (como o sono e a vigília).

O ego

O ego é o «eu», e não deve ser confundido com egoísmo. Esta parte de nós é a parte mais desenvolvida e avançada do nosso ser. O médico antroposófico considera que a organização do ego é a parte que permite chegar à «individualidade» ou, dito de outra maneira, a faculdade de dizermos «eu» a nós próprios. O ego é o nosso ser indestrutível, e abarca qualidades como a autoconsciência, a memória e a capacidade de pensar; todas elas pressupõem que o ser vivo não está completamente sujeito às exigências do comportamento instintivo.
O ego não tem uma forma pré-determinada como os corpos físico, etérico e astral, mas está presente em toda a parte excepto em nós – está em tudo o que se encontra fora de nós, permitindo-nos envolver-nos com (e portanto compreender) a nossa vida interior e o mundo que nos rodeia.

Continua…

Retirado do livro Medicina Natural  – Um guia de saúde para toda a família,  de Beth Maceion


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